Está chegando a hora




Em 2012, coloquei em prática aquilo que era o meu sonho na época.

Pus à disposição das pessoas O Sobrado da Rua Velha, que outrora fora lido por parentes e amigos muito corajosos, rsrs... Mesmo com as dificuldades provenientes de uma primeira publicação, consegui que uma quantidade significativa de pessoas o lesse. Vieram críticas e elogios. Não acho que ele mudou a vida de alguém, mas pelo menos ninguém veio me xingar depois de ler. Conheci pessoas interessantes e fiz mais algumas coisas neste universo das letras. Coisas simples, mas que me deram imensa satisfação.
Então escrevi “A Mão de Celina”, cujos exemplares ontem chegaram às minhas mãos. 

Gostei muito de escrevê-lo, de verdade. 

Se o primeiro livro eu resolvi compartilhar com medo, esse eu compartilho com confiança! Adoraria que as pessoas que se identificassem com a história o conhecessem. Coloquei no texto temas que mexem com alguns sentimentos das pessoas. Se isso vai ser algo significativo, somente o tempo irá dizer. 

A confiança vem da parceria com a Editora Os Dez Melhores, liderada por Jana Lauxen e Afobório Feito de Carniça. Uma parceria que já vem de dois anos, baseada no profissionalismo e na amizade. Quem vai dizer se o texto é bom são os leitores, porém, o livro como produto é fantástico graças a eles.

Também um agradecimento especial à Vera Regina Sperling Soares, que diretamente me ajudou a tornar realidade este novo projeto.

Vejo todos no lançamento, dia 11 de junho!



A Mão de Celina





A Mão de Celina
Editora Os Dez Melhores - 246 páginas - 1ª edição: abril de 2014

Quando perdemos uma pessoa para a morte, a perdemos para sempre.

Era no que acreditava Edu depois de enterrar Celina, sua jovem esposa, vitimada por um câncer galopante. No entanto, bastou conhecer sua nova namorada, Jana, para descobrir que os mortos também podem voltar.

Alguns para contar o que existe do outro lado; outros para mostrar que os caminhos da vida e da morte não somente se cruzam, como são exatamente os mesmos. Se da morte só conhecíamos o nosso próprio medo, agora chegou a hora de dar a mão para Celina, e deixar que ela nos conduza por este labirinto sombrio e íngreme que desconhecemos, que tememos, mas pelo qual somos fascinados.

O mundo dos vivos e dos mortos é o mesmo mundo.

E Edu irá entender que, quando perdemos uma pessoa para a morte, não a perdemos para sempre.

Há quem volte para contar.

E há quem volte para fazer ainda mais.

Texto de Gerson Colombo sobre "A Mão de Celina"

Ilustração da capa de "A Mão de Celina", obra de Rafael T. Pimentel

Há mais mistérios no céu e na terra, Horácio, do que sonha a nossa pobre filosofia...”. Esta frase do príncipe filósofo dinamarquês Hamlet, logo após encontrar-se com o espectro de seu pai, na cena V, do ato I, da grande tragédia de William Shakespeare, é, em última palavra, uma demonstração da inquietude que assaltava o grande dramaturgo inglês. 

No entanto, esta é uma inquietude compartilhada por todos os homens. A questão crucial imposta a todos os seres pensantes: o que há depois desta vida? Seria a morte o termo de tudo? Eis, pois, o enigma do próprio sentido da vida. Mas, se o atormentado príncipe tem como companhia o espírito do rei, seu pai, a desvendar-lhe os segredos de após a morte, “... terra desconhecida de cujo âmbito jamais ninguém voltou...”, o que nos resta? A não ser questionar essa intrigante relação que parece existir entre os homens e as almas daqueles que embarcaram na mais misteriosa viagem humana: a morte. Ou, como querem os materialistas, estamos condenados a desaparecer no nada após essa existência simplesmente orgânica, quando o princípio vital cessar de atuar no organismo físico? Os espiritualistas dizem que não. Para que tudo se explique, ou justifique, é preciso que haja uma alma imortal aí. Não podemos ser simplesmente máquinas formadas por átomos de carbono e células orgânicas. Afinal, por que pensamos? Como pensamos? O que é a mente humana? Eis um estudo interessante da Filosofia: a relação entre a mente consciente e o corpo físico. René Descartes no seu Discurso do Método plasmou o axioma: “Penso, logo existo.”, e completou: “... compreendi, assim, que eu era uma substância cuja essência ou natureza consiste apenas em pensar, e que, para ser, não tem necessidade de nenhum lugar nem depende de coisa material alguma..., isto é, a alma pela qual sou o que sou, é inteiramente distinta do corpo...”. A metafísica nos convida a conjecturar, então, que, após a extinção da matéria corporal, esta inteligência, essa alma pela qual somos o que somos, há de permanecer ativa em outro plano dimensional da existência. Mas, e os sentimentos? Afeições, ódios, afinidades, prolongam-se depois desta vida? Poderá o Amor estender-se para além da barreira física da morte? 


Eis aí o mote deste novo livro que Jeremias Soares traz à luz do mundo. Numa história intrigante, um jovem, ainda apaixonado por sua namorada morta, vê em tudo que o cerca lembranças de sua amada, o que o leva a uma angústia que vai culminar num estado de depressão profunda e suicida. Até que passa a sentir, frequentemente, a presença de sua querida Celina. Então, Jeremias Soares, à moda desta ficção instigante, começa a responder às questões que propusemos acima. E, sobretudo, mostra-nos que é possível que haja um intercâmbio entre estes dois planos da existência humana. Faço votos que o público leitor encontre prazer em sua leitura e que, instigado por ela, desperte em si a arte de questionar-se sobre sua própria essência e sobre o sentido da vida.


Gerson Colombo



Colombo é autor dos livros Solilóquio e Outras Histórias Curtas, Uma Candeia Sobre o Alqueire e A Empreitada. É articulista e cronista colaborador em vários órgãos de imprensa. É palestrante em temas da Doutrina Espírita, a qual se dedica, trabalhando e estudando, há mais de 30 anos. É graduado em Direito com extensão em Filosofia e membro da Associação Canoense de Escritores.