Entrevista Jeremias Soares de Mello
1. Quem é Jeremias Soares?
Falar de si mesmo é complicado. Sou um sujeito pacífico. As
ideias trágicas ficam todas nos livros, rsrsr... Sou servidor público da
Prefeitura de Porto Alegre. Não cursei universidade, porém, tenho formação em
dois cursos técnicos. Estou bem no serviço público. Minha prioridade é
paralelamente consolidar a carreira de escritor.
2. Fale um pouco sobre seu livro, O Sobrado da Rua Velha?
O Sobrado da Rua Velha recupera o gênero de casas mal
assombradas. Fala sobre uma família problemática que tenta resolver os seus
problemas se mudando para uma casa ainda mais problemática. Temos a partir daí
pessoas suscetíveis que são colocadas em um lugar repleto de cargas negativas.
Elaborei o livro usando diversas influências, buscando prioritariamente uma
narrativa onde predominasse a seriedade. Não caricaturei os personagens e o
enredo. Desejo passar a ideia de perigos assustadores e verossímeis. Embora
tenha escrito uma ficção, almejo escapar ao máximo da fantasia. Quero que as
pessoas leiam o livro e perguntem se a Rua Velha e os personagens de fato
existem (e isto já aconteceu).
3. Como você vê a recepção de seu livro pelos leitores?
Ótima! As vendas são boas e as pessoas estão devorando o
livro. De dez leitores consultados, oito o terminaram em dois dias de leitura.
Isso é bom! Vejo que O Sobrado da Rua Velha está funcionando na hora de prender
a atenção do leitor. As pessoas querem saber o que vai acontecer e como tudo
vai terminar. Ainda não sei afirmar se ele atinge o seu propósito principal,
que é impressionar e assustar. Já tenho uma noção, mas ainda preciso colher
mais opiniões.
4. A literatura é sua amiga ou sua inimiga?
Amiga do peito! Ela me acompanha e me completa quando estou
sozinho.
5. Como você e a literatura se conheceram? Como, onde e por
que tudo começou?
Quando criança, desenhava gibis e lia centenas de revistas.
Lá pelos dezessete anos, descobri O Cemitério, de Stephen King. Foi paixão à
primeira vista. Comecei a devorar todos os livros dele, e jamais vou esquecer a
sensação que sentia ao fazer isso. Como curtia escrever redações na época e
tinha a cabeça sempre pensando em alguma história, deduzi que poderia me aventurar
nesta arte. Escrevo desde os dezoito, porém, a primeira coisa aceitável que
criei foi O Sobrado da Rua Velha.
6. Como você vê o mercado editorial brasileiro para os novos
autores?
Vejo como um mercado de difícil acesso. Felizmente a Editora
Multifoco está democratizando o sistema, proporcionando oportunidades para quem
deseja começar. Mas todos que desejam obter êxito precisam enfrentar um funil
bem estreito e esperar a sua vez.
7. Em sua opinião, é possível viver de literatura no Brasil?
Acho que é possível, mas além de ser talentosa a pessoa
precisa ter sorte e principalmente paciência. Você pode ser aquele cara que tem
a sorte de estar na hora certa, no local certo e falar com a pessoa certa. Daí
de repente ganha patrocínio, apoio de pessoas graúdas e grande visibilidade.
Mas acho que esta não é a realidade da maioria. A profissão de escritor vai
além do “escrever o livro e esperar as vendas”. O ofício tem de ser vivido ao
máximo. O autor precisa escrever, revisar, fazer autocríticas, julgar a
receptividade do que escreve e saber divulgar o seu trabalho. E, como em toda a
profissão, aquele que se dedicar com afinco e souber esperar vai conseguir
viver da literatura. É importante frisar que não descobri isso sozinho. Estou
aprendendo ótimas lições com pessoas magníficas que tive a chance de conhecer
depois que lancei o livro.
8. De que maneira a internet atua na sua vida de escritor?
Atua em vários aspectos. Através dela fiz pesquisas,
descobri a Multifoco e testei a receptividade de assuntos abordados no livro.
Embora tenha impresso diversos convites, foram as redes sociais que levaram as
pessoas aos lançamentos de O Sobrado da Rua Velha. Eu consegui vender livros
por causa de amigos que compartilharam informações do meu trabalho na internet.
Um compartilhamento no Facebook, que não dura nem 5 segundos, pode ser de uma
ajuda fantástica! Mas eu ainda peco em alguns aspectos. Eu não uso Twitter e
não tenho a intenção de usar. Será que ele pode ajudar?
9. Já há quem diga que a literatura, assim como a música,
está se desligando cada vez mais de formatos pré-determinados, como o CD, o
Vinil e o próprio MP3, para se tornar mais ‘livre’. Em contrapartida, isso
impediria a remuneração adequada ao autor, que já é baixa e passaria a ser
inexistente. Qual sua opinião sobre isso?
Os músicos sempre terão os shows para obter as suas
remunerações. Por outro lado, os livros em papel vão resistir mais do que os
CD’s. Eles são práticos e não dependem de baterias e da Internet. Um
dispositivo moderno que lê e-books pode até possuir ferramentas eficazes de
localização, entretanto, folhear um livro é mais charmoso. A questão cultural o
ajudará a sobreviver por mais um tempo. No futuro, o ideal seria criar uma
forma de distribuição digital de livros protegida contra pirataria.
10. Existem especulações que, uma das maneiras de agregar
valor e aumentar a rentabilidade dos livros, seria a inserção de publicidade
nas edições, ou de histórias pagas por anunciantes, onde o personagem, por
exemplo, utilizaria um produto de determinada marca, o citando no decorrer da
história. O que você pensa sobre isso? Acredita que a publicidade pode se
tornar amiga da literatura?
Acredito que sim, desde que os merchans não deturpem a
narrativa. O que não vale é apologia a políticos e a atitudes ilícitas. O
problema é que as empresas preferem apoiar marcas consolidadas. Bem que elas
poderiam patrocinar também projetos novos. Seria uma extraordinária maneira de
difundir ainda mais autores iniciantes.
11. Como é sua rotina para escrever? Isto é, existe um
ritual, alguma cerimônia?
Como trabalho em dois turnos, não consigo escrever mais do
que 4 horas por dia. Não existem cerimônias e rituais, porque não sou
supersticioso. A minha “jornada de trabalho” varia conforme o meu estado de
espírito.
12. Se fosse listar os grandes autores da tua vida, quem
seriam eles e por quê?
70% dos livros que eu li são de Stephen King. Eles me
fizeram criar coragem para escrever e também me influenciaram. Logo, ele é o
grande autor da minha vida. Mas também cito Dan Brown, cujo estilo de escrita é
fenomenal. Poderia citar diversos nomes, porém, os dois citados são icônicos
para mim.
13. Como, onde e por que comprar O Sobrado da Rua Velha?
Quem gosta de terror deve adquirir O Sobrado da Rua Velha
porque este é um livro que oferece uma história impressionante e trágica.
Tentei imaginar o que poderia acontecer em um cenário imprevisível, deixei os
personagens e o sobrado criarem vida própria. Em resumo, trago pessoas normais,
que poderiam ser eu ou você, colocadas em um contexto estranho e assustador.
Não há preocupação com final feliz. Esta é a linha do meu trabalho. Respeito
quem cria fantasias e aventuras envolvendo figuras assustadoras, entretanto,
aprendi a gostar de histórias que causam inquietação na hora de dormir. Quem
compartilha do meu ponto de vista, pode adquirir O Sobrado da Rua Velha,
afinal, tentei passar tudo isto nas suas 252 páginas. Nos meus blogs
(http://osobradodaruavelha.blogspot.com.br/) e
(http://jeremiassoares.blogspot.com.br/), ofereço o livro por um valor
diferenciado e pagamento via pagseguro. Já pelo site da Multifoco e das
livrarias parceiras ele pode ser adquirido pelo preço de capa. Em breve,
acredito que vou conseguir fazer a distribuição em algumas lojas físicas.
14. Para encerrar: quais teus planos daqui pra frente? Já
tem outro livro na manga, projetos, publicações?
Vou participar de duas antologias da Editora Multifoco:
Contos Medonhos, com o conto A noite feliz de Alcebíades; e Colorados – Nada
vai nos separar!, com a crônica Os Fantasmas do Passado nos Minutos Finais de
Yokohama.
Já tenho um livro 95% pronto, todavia, ainda estou
analisando a viabilidade da sua publicação em médio prazo. Enquanto isso
aproveito para lapidar ideias para uma nova história.
Rapidinhas:
Livro favorito: O Cemitério
Escritor favorito: Stephen King
Ídolo: Raul Seixas.
Música: Tente outra vez
Vida: Algo a ser preservado de todas as maneiras
Morte: Muito medo
Amor: Sentimento essencial
Paixão: Sentimento fantástico
Literatura: Um oceano de possibilidades e emoções
Sonho: Consolidar a carreira de escritor
Inesquecível: O lançamento de O Sobrado da Rua Velha foi o
último momento inesquecível. Prefiro citar este.
Entrevista realizada pela Editora Multifoco – Unidade Sul
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